segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Verdades Minhas, Impertinentes, Eu Sei!

A Vida, para qualquer mortal, é apenas algo insuportável. Todos nos deixamos submeter às Leis de Mercado, tão-somente porque o dinheiro compra todos os ópios e são eles, os ópios, que nos ajudam a continuar nesta estrada cheia de poeira – uma estrada que, já sabemos, não vai dar em nada. Não se iluda! Quando digo que tenho por você imenso apreço, quero dizer que gosto de entrar em transe – gosto de viagens psicodélicas! Você é mais uma espécie de ópio que eu descobri nos cinzentos becos da metrópole, onde vivo "Esperando Godot", pois em tudo sou livre, exceto no que se refere às leis de mercado!
Paulo Neuman


Outras Mulheres-Joanas!


Outra Mulher-Joana na Bela Vista?


Outra Mulher-Joana no Campo Limpo?


Dizem que por trás de um grande homem, existe sempre uma grande mulher, talvez por isso existam tão poucos “grandes homens”, uma vez que a grande maioria das mulheres ainda se dão por satisfeitas no papel que historicamente lhes tem sido reservado! Mergulhadas no clássico universo perigosamente cor de rosa - rosa choque, transformam seus homens em meros provedores, em falsos príncipes encantados! Falsos Príncipes, sim - pois todos já sabemos que príncipes encantados não existem: todos os homens, feios e bonitos, vencidos pelo peso brutal do papel que lhes foi reservado, viram lobisomens quando é noite de lua cheia! Bem-aventuradas são as poucas mulheres que têm descoberto que o tal príncipe nunca existiu! Felizes são aquelas mulheres que têm podido ouvir vozes vindas do além – vozes que as transformam em sujeitas de suas próprias histórias, ajudando, assim, a construir uma sociedade verdadeiramente civilizada, livre dos contos de fada! Uma sociedade onde homens e mulheres, juntos, comam do mesmo pão e bebam do mesmo vinho!

JARDINS DAS MENTIRAS

Se um poeta eu fosse, falaria dessas mulheres
São todas parecidíssimas - meras cópias
De guarda-sol cor de rosa, correm pelos jardins
Colhem uma flor aqui, outra ali, batem palmas!

Jogam beijos pretensiosos ao vento desembestado!

Os beija-flores, atormentados, saem de cena - do jardim
Assim que percebem tais presenças! Eles são tão pequenos!

Não posso enxergar Alice entre tais mulheres misteriosas
Ociosa é a vida para que corram pelos jardins das mentiras!

Se um poeta eu fosse, buscaria entender essas mulheres
Seres alados - arrastam suas presas a lugares indecifráveis!

Quintais de infância - castelos que transcendem o tempo
Sempre arrastando seus longos vestidos de fino tecido cor de rosa!

Definitivamente, não sou poeta! Difícil é falar dessas mulheres!
Seres alados a nos arrastar para quintais suspensos e infinitos!

Penso em Alice, muito além do espelho! Dormindo feito anjo!
Lindíssima e necessária e apaixonada e utópica e mulher e irmã!

Que nada! Eu não sou poeta! Nada sei falar da mulher!
Ser alado que nos transfere para outra dimensão lilás
Aliás, nenhuma mulher é igual à outra cópia idêntica!


Coração de galinha, de leoa, vaca sagrada e profana
Ana, Maria, Joana, Angélica, Mariana, Lúcia, Luana
Seres alados que nos levam a lugares ditos sagrados!

Vou-me embora deste jardim esquisito! Aqui não está a doce Alice!
Esqueço os jardins e me caso com Alice Maria em maio!

Da janela do meu quarto, abraçado a Alice, vemos nossa filha seguir rumo ao jardim!

Eu e Alice, muito além do Espelho Mágico
Nunca houve uma mulher como Alice!

Luana, Joana, Madalena, Maria, Luciana, Catarina, Lídia
Cláudia, Lúcia, Camila, Fátima, Glória, Esmeralda, Lunai
Capitu, Débora, Marina, Luzia, Mariana, Ana, Vitória

Beatriz, Luísa, Carolina, Antônia, Conceição, Tânia, Raimunda
Diana, Patrícia, Elis, Leila, Loreta, Lupina, Laura, Maria Clara
Marieta, Rafaela, Eva, Estela, Airam, Zenilda, Vanessa, Roberta
Joaquina, Antonieta, Regina, Ivana, Josefina, Ana Carolina!

Ainda são todas muito meninas
Em seus jardins suspensos!

Textos Paulo Neuman/Fotos Adrebal Lírio