quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Concreto


Neste momento obscuro, quero tudo
Atitudes de lobos solitários e rosários
Preciso rezar aquela velha oração-súplica

Cada rua é um beco de esconder condenado
Trago na boca o gosto seco da derrota
Por tudo e todos, bebo da minha poesia

Sim! Ainda sou poeta incurável, todo eu
Mas tenho pavor do que possa ser a poesia
Por isso guardo todo papel e caneta que encontro
Em gavetas primitivas e inacessíveis e trancadas

Traga-me seu rosto, Maria dos Aflitos e Condenados!
Quero seus sonhos, porque sou apenas um poeta cheio de pecados!

Às vezes penso estar ligeiramente morto
Louco, pelos becos antigos da metrópole
Ouço palavras vindas não sei de onde!

Afaste-se de mim, vadia
Vaza da minha vida-cigana
Porque agora sou poeta! !

Ninguém mais me engana!
Paulo Neuman