Eu preciso escrever uma carta ao Universo, falando-lhe do meu insucesso, das tantas vezes que eu permiti que o líquido do inferno me transformasse em um louco improdutivo, causando grandes dores em meu místico corpo. Causando dores em outros corpos que, de certa forma, estão ligados ao meu corpo. Quero pedi perdão a esses corpos. Quero pedi perdão ao meu próprio corpo. Acima de tudo, quero que o Universo me perdoe. Creio na força do perdão e sem ele, o perdão, estaríamos todos condenados a precipícios irreversíveis! Eu, há muito, já teria sido tragado por um mar, cujas águas são o tal líquido do inferno que, ao invadir a minha corrente sanguínea, domina, feito um demônio crudelíssimo, a minha mente e eu esqueço que sou um poeta! Ando, como bicho no cio, por becos infectos e tenho percepções reais do inferno! Sim, nesses momentos infelizes, afasto-me de tudo o que é belo e sou o mais sujo de todos os homens, porque deixo a lucidez e a lucidez é a maior riqueza de um homem, de uma mulher, de uma criança, até mesmo dos bichos! "O que tem que ser tem muita força" - É a vida que
sempre segui seu curso imperioso – mas eu reconheço a minha extrema irresponsabilidade para com meus Projetos de Luz, uma completa falta de pensamento lógico, uma absurda entrega a emoções incoerentes com o tempo e o espaço onde vivo: o que me torna vulnerável ao tal líquido do inferno! Mas ainda tenho forças, ainda tenho sonhos, ainda tenho um amigo (eu acho) e posso desconstruir-me por inteiro, fazendo-me outro por meio da minha poesia que, em verdade, é a minha Redenção, a minha Ressurreição! A Sublimação disso tudo! Quando falo Poesia não me refiro, necessariamente, a “escritos” – falo, sobretudo, de Projeto de Vida, da busca do Perfume; pois, como disse o Poeta: “Gente é p’ra brilhar, não p’ra morrer de fome!”.
Paulo Neuman
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