sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Paz e Amor!

Agora as poesias não carecem mais de títulos. As minhas não precisam. Não preciso mais obedecer a nenhuma estética, pois o meu discurso/poesia há de preservar, em seu interior, uma determinada ética. Eu não desprezo ninguém – estaria a desprezar a mim mesmo. Reconheço as minhas culpas e busco perdoar-me, não por cinismo, mas para fugir da autoflagelação, pois o meu corpo precisa está inteiro para o Grande Momento. Eu não sei que Grande Momento é esse, mas é aí que mora a minha esperança. Agora, cansado de tudo e de mim mesmo, adormeço e, em meus sonhos, vejo uma criança de tranças ruivas a correr por inusitado campo, em busca da derradeira flor! Desconhecido perfume invade o meu corpo, purificando-me de todas as culpas. Preparado estou para o encontro com os amigos. Amigos sem rostos: são como mentes sem corpos. É a minha vida que, comovido, eu retomo! Ouço um samba de roda e uma alegria ultracósmica invade a minha existência! Neste momento compreendo que, dentro de mim mesmo, está a vida que sempre sonhei. Não preciso mais de nada, apenas de você que, agora, é uma mente sem corpo!


Eu preciso escrever uma carta ao Universo, falando-lhe do meu insucesso, das tantas vezes que eu permiti que o líquido do inferno me transformasse em um louco improdutivo, causando grandes dores em meu místico corpo. Causando dores em outros corpos que, de certa forma, estão ligados ao meu corpo. Quero pedi perdão a esses corpos. Quero pedi perdão ao meu próprio corpo. Acima de tudo, quero que o Universo me perdoe. Creio na força do perdão e sem ele, o perdão, estaríamos todos condenados a precipícios irreversíveis! Eu, há muito, já teria sido tragado por um mar, cujas águas são o tal líquido do inferno que, ao invadir a minha corrente sanguínea, domina, feito um demônio crudelíssimo, a minha mente e eu esqueço que sou um poeta! Ando, como bicho no cio, por becos infectos e tenho percepções reais do inferno! Sim, nesses momentos infelizes, afasto-me de tudo o que é belo e sou o mais sujo de todos os homens, porque deixo a lucidez e a lucidez é a maior riqueza de um homem, de uma mulher, de uma criança, até mesmo dos bichos! "O que tem que ser tem muita força" - É a vida que
sempre segui seu curso imperioso – mas eu reconheço a minha extrema irresponsabilidade para com meus Projetos de Luz, uma completa falta de pensamento lógico, uma absurda entrega a emoções incoerentes com o tempo e o espaço onde vivo: o que me torna vulnerável ao tal líquido do inferno! Mas ainda tenho forças, ainda tenho sonhos, ainda tenho um amigo (eu acho) e posso desconstruir-me por inteiro, fazendo-me outro por meio da minha poesia que, em verdade, é a minha Redenção, a minha Ressurreição! A Sublimação disso tudo! Quando falo Poesia não me refiro, necessariamente, a “escritos” – falo, sobretudo, de Projeto de Vida, da busca do Perfume; pois, como disse o Poeta: “Gente é p’ra brilhar, não p’ra morrer de fome!”.

Paulo Neuman