SURTO PSICÓTICO?!
Uso máscaras quase todos os dias -sejam santos ou não!
Invento Amores Impossíveis - tudo pela sobrevivência do eu demente!
Cabeça, corpo, membros...
Mentiras, ossos, estômago...
Fígado, mente, letra, música... ENTRANHAS!
Útero:
Abrem-se as cortinas vermelhas, abrem-se!
No centro do palco, a enigmática Maria Clara
Corpo gélido, olhar perdido na platéia do nada
Em minhas mãos coadjuvantes, trago o punhal!
Feito hemorragia, jorra o puro sangue
Não é sangue cenográfico! Nunca foi tão real!
Sem música, sem luz; só espaço frio e cortante e quente!
Ergo o indefectível punhal, outra vez
Agora, em meu próprio peito traidor
Jurei a mim mesmo que a perdoaria!
Não a pude perdoar - pela janela, vi tudo!
Como posso desmentir meus próprios olhos?!
Fim do primeiro ato - Lavo o rosto - escorre a maquiagem de palhaço!
Respiro fundo e bebo um cálice de vinho tinto!
Minto para mim mesmo - fingindo ser um poeta
Quando o meu corpo jaz na friúra da terra ingrata
Minto para o mundo: Maria Clara nunca existiu!
Rasguei todos os papéis engavetados, dilacerados
Supostos poemas - apenas Maria Clara em Fragmentos
Gavetas limpas: Forma Concreta de Vomitar o Abstrato!
Já não acredito no amor e nada sei sobre métrica, nada!
Creio tão-somente na fome que nos faz caçadores de gente!
O que eles chamam de amor nunca O será!
Quem me dera poder ver o corpo Sangrando em Sacrifício!
Epicentro da Dor - Princípio de Ressurreição Irreversível!
Coloco os meus óculos - fingindo ser um intelectual
Assim, quem sabe algum vivente queira ouvir-me!
Que nada - sou vaiado de pé! Meu Deus, que vexame!
Chame um médico, um curandeiro, um pastor - sinto que vou morrer!
Morto estou de vergonha! Desta vez deu tudo errado!
Apostei tudo nesta cena! Dei tudo de mim, merda!
...Música, luz, espaço, figurino, punhal de prata...
Deu tudo errado e todos gritam em corro: Bosta, Idiota...
...Jogue lama no miserável - quero o meu dinheiro de volta!
Meu Deus, eu achei a cena antológica!
Sentia-me um Monstro Sagrado!
Se Augusto dos Anjos estivesse na platéia, eu seria aplaudido de pé!
Mas nem tudo é lamentação - houve quem tivesse pena de mim!
Não foram apenas eufóricas vaias - uns choraram a minha dor!
Pela terceira vez, trago nas mãos o já conhecido punhal!
Agora, sangra todo o corpo - é o fim, é o começo!
Como numa menstruação, aborto a possibilidade de vaias!
Cai o pano, manchado de vermelho
Fim das cenas! Estranhas Cenas!
Ouve-se uma voz vinda dos céus:
- Não chore, menino - A Cortina do Templo Será Rompida!
A Cortina Será Rasgada e você também vai entrar!
Paulo Neuman
Uso máscaras quase todos os dias -sejam santos ou não!
Invento Amores Impossíveis - tudo pela sobrevivência do eu demente!
Cabeça, corpo, membros...
Mentiras, ossos, estômago...
Fígado, mente, letra, música... ENTRANHAS!
Útero:
Abrem-se as cortinas vermelhas, abrem-se!
No centro do palco, a enigmática Maria Clara
Corpo gélido, olhar perdido na platéia do nada
Em minhas mãos coadjuvantes, trago o punhal!
Feito hemorragia, jorra o puro sangue
Não é sangue cenográfico! Nunca foi tão real!
Sem música, sem luz; só espaço frio e cortante e quente!
Ergo o indefectível punhal, outra vez
Agora, em meu próprio peito traidor
Jurei a mim mesmo que a perdoaria!
Não a pude perdoar - pela janela, vi tudo!
Como posso desmentir meus próprios olhos?!
Fim do primeiro ato - Lavo o rosto - escorre a maquiagem de palhaço!
Respiro fundo e bebo um cálice de vinho tinto!
Minto para mim mesmo - fingindo ser um poeta
Quando o meu corpo jaz na friúra da terra ingrata
Minto para o mundo: Maria Clara nunca existiu!
Rasguei todos os papéis engavetados, dilacerados
Supostos poemas - apenas Maria Clara em Fragmentos
Gavetas limpas: Forma Concreta de Vomitar o Abstrato!
Já não acredito no amor e nada sei sobre métrica, nada!
Creio tão-somente na fome que nos faz caçadores de gente!
O que eles chamam de amor nunca O será!
Quem me dera poder ver o corpo Sangrando em Sacrifício!
Epicentro da Dor - Princípio de Ressurreição Irreversível!
Coloco os meus óculos - fingindo ser um intelectual
Assim, quem sabe algum vivente queira ouvir-me!
Que nada - sou vaiado de pé! Meu Deus, que vexame!
Chame um médico, um curandeiro, um pastor - sinto que vou morrer!
Morto estou de vergonha! Desta vez deu tudo errado!
Apostei tudo nesta cena! Dei tudo de mim, merda!
...Música, luz, espaço, figurino, punhal de prata...
Deu tudo errado e todos gritam em corro: Bosta, Idiota...
...Jogue lama no miserável - quero o meu dinheiro de volta!
Meu Deus, eu achei a cena antológica!
Sentia-me um Monstro Sagrado!
Se Augusto dos Anjos estivesse na platéia, eu seria aplaudido de pé!
Mas nem tudo é lamentação - houve quem tivesse pena de mim!
Não foram apenas eufóricas vaias - uns choraram a minha dor!
Pela terceira vez, trago nas mãos o já conhecido punhal!
Agora, sangra todo o corpo - é o fim, é o começo!
Como numa menstruação, aborto a possibilidade de vaias!
Cai o pano, manchado de vermelho
Fim das cenas! Estranhas Cenas!
Ouve-se uma voz vinda dos céus:
- Não chore, menino - A Cortina do Templo Será Rompida!
A Cortina Será Rasgada e você também vai entrar!
Paulo Neuman
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