SOU PRISIONEIRO, E, COM “RAZÃO”, NINGUÉM QUER SER A PORTA, A CHAVE, INSTRUMENTO QUALQUER QUE ME TRAGA A SAÍDA.
- CALMA, RAPAZ! HÁ UMA CAMA NA CELA ONDE VOCÊ AINDA ESPERA POR GODOT! DESCANCE SEU CORPO QUASE VENCIDO! DESCANCE TAMBÉM SUA ALMA TÃO ATORDIDA!
SOU ATOR DO ABSURDO! NÃO QUERO DORMIR! VOU FICAR DE OLHOS BEM ABERTOS ATÉ O FIM DE TODOS OS “ATOS”. SOU O ZUMBI DA MEIA-NOITE!
NESTA VIDA, SOU ATOR – ÀS VEZES, COADJUVANTE; NOUTRAS, PROTAGONISTA. NUNCA SOU FELIZ, PORQUE, IMERSO NA SALVADORA INFELICIDADE QUE CURA, APRENDI SER INTEIRO! FELICIDADE É UMA SARACURA QUE PERAMBULA POR BREJOS DESABITADOS. É O TEATRO DO MUNDO, TEATRO DA VIDA, TEATRO DO ABSURDO - ONDE SOU MUITAS “COISAS”. A CADA NOVA MANHÃ, EU ACORDO UMA “COISA” DIFERENTE. DENTRE TODAS AS COISAS, SER POETA É O MELHOR “NEGÓCIO”. POUCO ME IMPORTA SE VOCÊ DIZ QUE A MINHA POESIA É UMA MERDA! MINHA POESIA É A MINHA ÚNICA MOEDA DE TROCA, E EU A AMO! NESTA VIDA FILHA-DA-PUTA, É POSSÍVEL SER MUITAS COISAS, INCLUSIVE A SARACURA QUE PERAMBULA POR BREJOS DESABITADOS, AO SOM DE ROCK IN ROLL E MUITA VODCA. NA VIDA, QUE É FILHA-DA-PUTA, É POSSÍVEL ATÉ SER SANTO!
EU NUNCA FUI SANTO: PAPEL DIFICÍLIMO DE INTERPRETAR - NÃO TENHO TALENTO PARA TANTO!
A PALAVRA É A MINHA CÚMPLICE EFICAZ – É ELA QUEM ME TRAZ TODAS AS CHAVES!
TUDO O QUE TENHO É A PALAVRA. COM ELA, A PALAVRA, INVENTO OS MUNDOS QUE VOCÊ SEMPRE ME NEGOU E VENÇO GUERRAS. AGORA, TRAGO NO CORPO TATUAGENS FINAIS QUE ME REVELAM OS CAMINHOS POSSÍVEIS: CAMINHOS QUE HÃO DE ME LEVAR AO MONTE DA DEFINITIVA TRANSFIGURAÇÃO:
DERRADEIRO PAPEL, CARNAVAL SEM CINZAS...
A obra Eu, a Cela e a Palavra... de Paulo Neumam Farias Souza foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não-Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Brasil.
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