sábado, 13 de setembro de 2008

Espelhos Noturnos


A noite não o torna incapaz de refletir
É e sempre será um objeto reflexivo
Você pensa ter divorciado do mundo

Vou-me embora para Paris e lá está você
Como a dizer que o mundo é pequeno
Mudo-me pro Recife, feito assombração
Lá está você - performático - ácido

Dor no estômago - devora-me outra vez
E a vida segue sempre em frente - dane-se!
Seguramente você é uma assombração
Não sei mais de nenhuma reza eficaz

A cidade traz-me novidades medievais
Bruxos e inquisidores encontram-se na praça
Não há o sol da meia-noite e a atriz esquece o texto
Entro em êxtase e roubo a cena! Puta que o pariu!

Urubus rondam o cadáver - ávidos por carniça
O Bêbado atiça o cão famélico e sádico e mordaz
O sangue jorra pela praça - final apoteótico!

Caótico? Sim - é tudo muito confuso!

Paulo Neuman

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