sábado, 13 de setembro de 2008

VERTIGEM





No espelho vejo a minha cara e finidade
E tudo é fugaz como a casca de um ovo!

Uma ruga aqui, outra ali! Olhos vermelhos! Boca seca!

Que eu quebre este espelho indiscreto!
Sádico, decreta o fim de todas as minhas vaidades e mentiras!
Arrasta-me a lugares onde não quero chegar acordado! Merda!

Em todos os lugares, sagrados ou profanos, há espelhos
No banheiro, na sala de espera - onde o tempo não passa!
Na sala de jantar-onde não me é oferecido o alimento!

Sento-me na velha cadeira, em frente ao novo espelho
Nada é novidade do outro lado! Na cara pálida, ainda o medo!

Quero negar todos os meus sentidos e transes e pesadelos
Odeio o meu cheiro! Assusta-me tudo o que o espelho mostra!

Quisera eu poder provar um pedaço daquela torta de limão,
Beber um pouco de licor de tangerina e partir quase feliz!

Encharco-me de perfume para fugir de quem sou amanhã
Perco o rumo e não mais me encontro lúcido ou valente
Sonhei que todos os meus dentes foram quebrados por você!

Agora, trago nas mãos trêmulas uma xícara de café forte
Tudo em mim começa a ferver como no Carnaval de ontem!

Mas, em pouco tempo, percebo de novo as cinzas
Nas rugas da minha cara, descubro a história!

A idéia do Movimento agora me parece tão distante!
Tenho medos infantis e necessidades provincianas
Enquanto a metrópole ferve em ritmos ultrapesados!

Sinto vontade de proferir palavrões e poemas
Contra meus inimigos que se vestem de santo
Todos de branco - como em primeira-comunhão!

Enquanto a cidade ferve em sons e ritmos ultrapesados
Da janela do meu quarto, olho para o passado-presente-futuro
Mas nada me é revelado de concreto! Tudo é apenas vertigem!

Ainda assim, eu sigo em frente – com as juras de amor eterno!
E, neste Inferno Existencial, espero o Paraíso que insiste em não chegar!

Paulo Neuman

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