quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

RÉVEILLON: Alma de Todos os Tempos!



Entre o Fim do Ano e o Fim de um Mundo tão estranho,
Eu, feito criança, junto pedaços do pequeno asteróide!

E, com arte e sorte, arquiteto meu universo iluminado!

Quem é gente está convidado a cear com os Deuses,
Quando tudo são luzes da ribalta mil vezes desejada!

Traga tão-somente o Seu Pequeno Coração Partido!
Paulo Neuman


sexta-feira, 28 de novembro de 2008

MINHA RUA, MINHA CASA


MINHA RUA, MINHA CASA
MINHA CASA, MINHA RUA
"As raposas têm suas tocas
E as Aves do céu têm seus ninhos,
Mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”.

O Poeta já disse: “A Raça Humana É uma Semana do Trabalho de Deus” – Há quem discorda e diz que a Raça Humana um dia não foi assim tão humana: Mutações Genéticas e Seleção Natural fizeram surgir o que hoje chamamos de Homem. Seja lá como for, em ambos os casos, é o transcendental que veste a natureza dos fatos e só nos resta permitir-nos o “estado de mais absoluta perplexidade” ante os mistérios da existência. A Roda Viva da História continua a Girar porque tudo no mundo dos homens são deliciosamente hipóteses, às vezes, incrivelmente bem formuladas – hipóteses que nos permitem uma constante especulação sobre tudo e todos e são essas ondas especulativas que permitem o aparecimento de tantos universos paralelos capazes de ajudar-nos a vencer o “implacável psicopata tédio existencial”. A todo instante, em mortal sofreguidão, colocamos o Eu mais profundo à beira dos mais absurdos precipícios, na insana tentativa de encontrarmos o tal Portão do Paraíso. Tudo são quimeras porque tudo que o homem tem de concreto é esse mundo com possibilidades de especulações: O que ontem foi considerado remédio miraculoso, hoje não passa de veneno mortal e vice-versa – é tudo uma questão de circunstâncias: portas para novas especulações, o que torna menos doloroso o processo de existir num mundo onde um sol inclemente faz arder nossos corpos vencidos e é nesse contexto de deserto, onde quaisquer utopias não têm nenhum futuro plausível, que precisamos cumprir “nosso sagrado dever de consumir” – na infantil tentativa de fazer surgir oásis no outro deserto que está dentro de cada um de nós. Precisamos de todos os ópios para que nossa existência seja possível, assim, o grande deserto torna-se o grande mercado, onde tudo e todos estão à venda. Em pleno deserto, são construídos belos templos de consumo. Só seremos de fato considerados gente se nos tornamos capazes de freqüentar tais templos, onde nossas preces só serão atendidas se estiverem embrulhadas em cédulas e ornamentadas com moedas: é o
“toma lá, da cá” que, enfim, "deu sentido à existência" – porque as mentes decidiram que é essa a melhor forma de existir. O importante é ter mais dinheiro no bolso, mesmo que isso implique em não ter nenhuma esperança no coração. E é nesse frenético e incessante processo (porque é contínuo) que se dá a lógica da existência: Dita as regras quem tem mais e obedece quem quase nada tem e os que não têm absolutamente nada estão condenados a mais aviltante das condenações: A Famigerada Exclusão Social! O Capital Financeiro cria classes nas quais os homens são encarcerados. Cela Fria para os desclassificados – aqueles que não têm nenhuma proximidade com o Capital Financeiro e/ou Meios de Produção – a estes são reservados as Sarjetas Existenciais. Parece-me que quase todos os homens e mulheres do planeta azul têm uma insaciável sede de poder. Falo de um tipo de poder mórbido: Poder Comprar as Pessoas, Poder Ostentar, Poder Ditar Regras, Poder Ser Cegamente Obedecido, Poder Ser Invejado. Este tipo de poder, indubitavelmente, passa por uma estreita relação com o Capital Financeiro e os Meios de Produção e como, exceto ELE, nenhum outro homem ainda consegui materializar dinheiro do nada - faz-se necessário trabalhar de sol a sol na produção de dinheiro e na Salvação da Economia Mundial – pois, agora, tudo já é bem de consumo – até mesmo seus lindos olhos azuis, meu anjo! Precisamos de dinheiro para que as nossas necessidades sejam satisfeitas: as reais, ditas primeiras e as necessidades que ELES nos fazem crer que as temos – e assim se dá o Carnaval da Existência, onde todos os Ópios e Máscaras estão à venda, por preços nem sempre módicos! Mas faz-se imperioso consumir – só assim teremos a certeza de que estamos de fato vivos! Imaginar que na frugalidade possa estar o modelo do Novo Homem é pura heresia que deve virar cinza na fogueira de uma insana, bestial e “santa” nova inquisição! Tempo é dinheiro, consequentemente, não há tempo a perder com nada que não traga quaisquer relações com o Capital Financeiro, com os Meios de Produção, com os Mercados. Agora, a economia é global e o dinheiro já é capaz de comprar tudo – compra até perdão. Nos templos mais sofisticados já se pode fazer negócios com o próprio Deus – é o que pregam os pastores de plantão, os Pastores 24 Horas! Não é guerra contra o capitalismo, nele, creio, até há belezas! Não é apologia do que chamam Socialismo, nele, creio, até há poesias! Contudo, creio, não são os ISMOS que haverão de trazer sentido à existência. Seja lá qual for o sistema através do qual se norteia uma sociedade, tal sociedade só será de fato civilizada se seus membros tornarem-se capazes de se enxergarem uns nos outros – seja o outro quem for. O mal que eu não quero para mim não haverei de querer para o meu semelhante – pois seja pela criação ou seja pela evolução, somos todos oriundos do mesmo barro! Não se trata de uma Retórica Socrática com a infantil intenção de corrigir a existência. Sabemos, perfeitamente, que no mundo teremos muitas aflições e que a vida é feita de prazer e dor! Queremos, tão-somente, vencer as mazelas que permeiam os esquemas/sistemas que regem a existência! O Amor é a linha nada tênue que separa a barbárie da civilização. Não falo desse amor cultural-piegas que se tornou palavra mais que banal – palavra que se vulgarizou ao extremo. Hoje, o que chamamos de amor é apenas um joguinho narcisista. A esmagadora maioria de nós só somos capazes de amar aquilo que nos traga um lucro imediato e nisso estão incluídas até as relações ditas afetivas. Tudo e todos fazemos parte de um grande mercado. Se não se é e se tem uma evidente e indiscutível moeda de troca, o indivíduo em questão amargará a mais dilacerante das solidões – tornar-se-á desprezado e o mais indigno dos homens: é o Inclemente e Implacável Mercado das Relações Ditas Afetivas! É aCoisificação do Homem” – consumidor e bem de consumo, a um só tempo. Os números não podem alcançar a Alma Humana. O Amor que os Homens um dia já Sentiram Uns pelos Outros não pode mais ser resgatado? É o Poder da Cultura que Estabelece uma Nova Ordem? Tudo se paga com dinheiro. O dinheiro tornou-se o deus dos nossos dias. O deus capaz de chamar à existência aquilo que não existe ou existe apenas abstratamente. O dinheiro tornou-se senhor dos homens. Quando você for a um belo espetáculo e no final todos aplaudirem de pé, fique sabendo que, na verdade, todos os aplausos são para o Capital Financeiro, o verdadeiro autor de todas as façanhas – isso porque, com a conivência do homem, o dinheiro tornou-se senhor de todas as existências. Para o bem do tudo e de todos, o dinheiro deveria estar subordinado à Alma do Homem – aquilo que há de inextinguível em cada um de nós, aquilo que não pode ser, jamais, objeto de compra e venda! Há homens e mulheres e crianças apodrecendo nas sarjetas porque, por diversas razões, estão afastados do Capital Financeiro. Gente que se alimenta de restos apodrecidos. Gente que vive a mercê da falsa caridade de “certos projetos sociais” que visam apenas à “higienização” dos centros das metrópoles que já choram com um olho só!. Os desafortunados são conduzidos aos tais albergues que são, na verdade, depósitos de Lixo Humano Tido como Não Reciclável – não havendo, pois, nenhuma preocupação com o Resgate da Cidadania. Os esfarrapados nada produzem e representam o prejuízo e o feio de uma sociedade que é apenas uma sociedade de consumo. Definitivamente, o Capital Financeiro Venceu e quem por quaisquer motivos não tem mais vigor, aptidão ou inspiração para fabricar dinheiro está condenado a Solidão Esfarrapada das Ruas, pois tudo é bem de consumo e quase ninguém há de lançar um olhar restaurador para tais criaturas, pois elas cometeram o mais grave dos pecados – o único para o qual não há perdão: Negligenciaram sua relação com o Capital Financeiro, portanto, não merecem perdão. Apesar de toda essa lógica perversa, creio que nem tudo está perdido. Acredito que, nos porões da existência, há um pequeno grupo de homens poderosos – digo poderosos no sentido mais transcendental, espiritual da palavra. Falo de “certos burgueses” que ainda trazem no DNA a capacidade da Verdadeira Revolução! A Capacidade de Inventarem uma Nova Ordem que nos traga uma também Nova Esperança construída não apenas de números, mas também de algo capaz de alcançar o inextinguível do Espírito Humano, assim, a Liberdade do Espírito do Homem, trucidará a já anacrônica mentalidade pequeno-burguesa. Sei que há a Vitória do Capital Financeiro – os homens assim decidiram e assim será! Todavia, creio em Mutações. Sim, Pandora liberou a Esperança! Independente de qual seja o Sistema Econômico que sustenta uma sociedade, se há homens capazes de amar verdadeiramente, tudo correrá bem para todos – em todas as mesas haverá o pão-de-cada-dia e nossas crianças colherão flores inusitadas sob a luz do Segundo Sol! Nem tudo está perdido! Há, sim, muitas luzes no fim de todos os túneis. Num Universo de expressões tão secas já surgem novos termos como “Capitalismo Filantrópico” – ainda há burgueses que conservam no DNA o Germe da Verdadeira Revolução. Um Brinde a Historia, esta Magnífica Roda Viva que permite o aparecimento de Novas Invenções para que seja anulado tudo aquilo que já não tem mais nenhum valor, possibilitando o aparecimento de um Sistema Capaz de Cuidar e Acolher! Que os Mercados sejam de fato Instrumentos de Inclusão Social! Um brinde ao Novo e Humano Capitalismo - Capaz de Alcançar a Alma Humana.! A Nova Invenção talvez ainda seja apenas um embrião no útero dos neo-homens! Há de surgir a Nova e Definitiva Invenção – é uma Demanda Histórica! Uma Nova Invenção Capaz de Contemplar Liberalmente Fortes e Fracos, aliás, são os últimos quem mais precisam de atenção – mas isso é uma Questão de Amor! O Amor que os Homens um Dia já Sentiram Uns pelos Outros! Um Amor que prescinde de um corpo, de uma imagem exterior! Um amor que se detém no barro do qual oriunda todos os homens, seja pela Criação, ou seja pela Evolução e, em ambos os casos, Louvado Seja o SER!
Texto Paulo Neuman / Fotos Adrebal Lírio

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domingo, 19 de outubro de 2008

Feliz Ano-Novo!


Quisera eu poder acordar o sol com uma canção
Sinto-me em alta tensão - cabeça em ebulição!

As lições de ontem, preciso entendê-las outra vez
Espero pelo Novo-Ano - crendo poder está com você!

Sonho com fogos de artifício explodindo em nosso céu
Estrelas e luas nuca vistas e chuva azul artificial!

Busco, em cada febre e transe, um novo tempo necessário
Estou cansado de ser apenas a poeira nos pés dos errantes!

Adeus, terra! Adeus, mar! Quero um Novo e Definitivo Continente!

Preciso da minha e da sua coragem ultracósmicas!
Vamos abrir a porta e, intrépidos, ganharemos a rua!

Adeus, terra! Adeus, mar! Quero um novo e definitivo conflito!
Estamos tristes, feridos e molhados - mas vamos ser valentes!

Que a nossa sorte venha sempre do Alto! Feliz Ano-Novo!
Outra vez olho para o mar e enxergo o Sonho Azul!

Pegue as mochilas - velhas e novas - vamos partir amanhã cedo!
O Novo-Ano está chegando - deixe a porta aberta! Ele vai entrar!

Metralhadoras não vamos levar - nem espadas ou foices!
Hoje, o amor é o único bem universal a ser compartilhado!

Também não leve vinho! Precisamos de toda a lucidez do mundo!
Traga lanternas - pois as cavernas são muito escuras!

Vamos - vestidos com largos sorrisos e força imutável!
Feliz Ano-Novo! O Novo Dia Já Amanheceu! Somos Outros!

Com Água Cristalina, um brinde à Estrela da Manhã!
Adeus, terra! Adeus, mar! Vamos Cantar uma Nova Canção!
Paulo Neuman

Carnavalcinzas


A porta-bandeira já está desequilibrada
O samba não tem refrão,beleza nem puxador
Já não estamos mais no País do Carnaval!

Valeu! Foi bom enquanto durou! Adeus!
Vamos reinventar o país sem carnaval
A pedra filosofal pode estar nas cinzas!

Que todo lamento seja transformado em canção
Não somos mais o país do futebol e chove forte
Mas vamos revirar as cinzas em busca da paz!

Pedro, João e Maria vão coletar o lixo reciclável
Lucas e Ana vão compor uma nova canção de ninar
Há tantas crianças acordadas e nuas pelos caminhos!

Não temos mais os craques de outrora
Aurora virou prostituta e emagreceu!

Tadeu perdeu-se no mundo e Júlia evaporou-se!

Vamos revirar as cinzas! Haveremos de nos achar!
Tudo o que se perdeu é lixo reciclável! Vamos buscar!
A história não acabou! Tudo recomeça no vazio das cinzas!

Sem a ilusão da bateria, sonhamos lúcidos
Sem magistrais gols, reedificamos a cidade
A porta-bandeira desequilibrou-se e caiu!

Basta de lamentações! Estamos todos debaixo das cinzas!

Traga as pás! Vamos trabalhar até no domingo!
Temos pressa! A história não pode esperar!
Por causa das cinzas, amanhã seremos outros!

Vamos criar novos ritmos, sons e formas
Crianças que Dançam ao Som da Nova Canção!

Paulo Neuman

Café Amargo


No escuro, subo a escada que me leva ao quarto quase vazio
Trago nas mãos uma xícara de café e o chapéu-panamá preto!
Acendo a luz e não enxergo ninguém a quem dizer boa-noite!

Há algo de errado comigo: todos podem dizer boa-noite a alguém!

Da janela, vejo as luzes acesas em apartamentos e ruas
Não penso em passear pela cidade que chora com um olho só!

Quero continuar assim: com medo e sozinho e aqui!
Ligo o rádio e ouço Velhas Canções! Lembro-me de Você!

Aprendo de novo Antigas Lições!

Dou o troco ao medo idiota
Dou a volta por cima! Subo a escada no escuro!

Juro que não mais tenho medo - o menino morreu - cresci!

Provo a mim mesmo que já não tenho mais medo
Acendo a luz e vejo o vazio do quarto
Trago nas mãos quase nada de concreto!

Agora, nas mãos, apenas o chapéu preto
Na há mais, sequer, o café amargo
Nas mãos, trago também os dedos!

Meus Deus, que bobagem é a minha vida!
Não tenho do que falar! Falo dos dedos!
Das unhas, das feridas e de outras vulgaridades!

Pela primeira vez, reparo em meus dedos
São tão esquisitos: Finos e compridos
As unhas não estão feitas: preciso cuidar de mim

Enquanto isso, a cidade ferve em sons diversos
Aqui, apenas o silêncio de quem contempla a própria mão
Analisa o tamanho dos dedos e tem medos infantis!

Eu queria ser um ator, um poeta!
No papel, no palco, na tela... onde tudo é possível e certeiro!
Contemplaria os meus dedos! Eufórica, a plateia aplaudiria!

Vitorioso, subo a escada sem os medos de menino
Certo do aplauso que nos dar forma, cor e som!

Paulo Neuman

Existencialismo


Vejo as frutas apodrecendo na fruteira sobre a mesa!
Passivas vão, juntas, em decomposição
Ação da vida que passa pela janela do trem!

Eu bem que avisei a Maria Clara sobre os príncipes encantados!

Há tempo para tudo e para todos
Há tempo para se decompor na íntegra!

"Existencialista com toda razão - só faz o que manda o seu coração!".

Mas também morreu - como frutas no centro da mesa
Como passarinho que, ingênuo, cai na armadilha!
A vida passa com pressa pela janela do trem pesado!

Seu olhar é de aço!
Mas também morreu!
Pois há tempo para tudo!

Enquanto a vida passa apressada
É melhor dançar no carnaval
Jogar futebol e sonhar!

Vejo uma folha que cai da árvore
Fora da árvore, ela não mais existe
Apenas vaga em busca de uma poça d 'água!

Traga mais um cálice!
Bebo a cidade que chora com um olho só!

Quero ir a Paris - mas não tenho dinheiro!

Quero viajar para as Ilhas Gregas
Ilhéus, Porto Seguro ou Salvador
Mas não tenho dinheiro e o tempo passa!

Em minha casa há um pé de abacate
Onde canta um sabiá sem ninho e só
Assim o tempo vai passando nu e cru
Entre canções esquecidas e versos ingênuos

"Existencialista com toda razão - só faz o que manda o seu coração!".
Dança no carnaval enquanto a morte não chega!

Paulo Neuman

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Concreto


Neste momento obscuro, quero tudo
Atitudes de lobos solitários e rosários
Preciso rezar aquela velha oração-súplica

Cada rua é um beco de esconder condenado
Trago na boca o gosto seco da derrota
Por tudo e todos, bebo da minha poesia

Sim! Ainda sou poeta incurável, todo eu
Mas tenho pavor do que possa ser a poesia
Por isso guardo todo papel e caneta que encontro
Em gavetas primitivas e inacessíveis e trancadas

Traga-me seu rosto, Maria dos Aflitos e Condenados!
Quero seus sonhos, porque sou apenas um poeta cheio de pecados!

Às vezes penso estar ligeiramente morto
Louco, pelos becos antigos da metrópole
Ouço palavras vindas não sei de onde!

Afaste-se de mim, vadia
Vaza da minha vida-cigana
Porque agora sou poeta! !

Ninguém mais me engana!
Paulo Neuman

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Nova Era


Era uma vez um menino que sonhou com a igualdade entre os homens. Agora ele já é mais que um homem e sabe que jamais haverá igualdades, pois são exatamente as diferenças que constituem este mundo tão fascinante e tão belo e tão medonho, a um só tempo! Continua não abrindo mão das "boas e velhas canções", mas não desconsidera, jamais, o valor do novo, pois, como bem disse o Poeta: "O Museu é de Grandes Novidades!" Mas para o menino a grande novidade será mesmo o dia em que "alguns poucos" se encontrarem no "canteiro de obras" para a Construção do Grande Edifício Humano do Paz!" Agora, traz mais um xícara de chá bem quente para o menino, para que ele adormeça feliz e tenha outros sonhos proféticos! Amanhã, já faremos, paradoxalmente, um brinde à "economia de mercado", se ela for capaz de promover a tão sonhada/decantada inclusão social, ampliando a classe média e saciando a sede/fome do povo - para que não falte pão e outras coisas mais na mesa de quem quer que seja! Estou feliz: o sol de primavera/verão já começa iluminar a periferia - e a vida é pura magia! Quero permanecer neste espaço generosamente concedido aos desocupados - não quero me preocupar com mais nada que não seja a "Estanha Revolução" - cheia de paradoxos, mas repleta de boas intenções. Agora, já sabemos que o "velho barbudo" equivocou-se em muitos pontos - mas não faz mal, nós o amamos mesmo assim e haveremos de promover as adaptações que se fizerem necessárias! Agora, preciso correr atrás do sítio e começar o processo de agregação! Estou feliz, porque o homem não tem limites pra sonhar, ainda que seus sonhos pareçam ridículos a outros. O sol de primavera/verão já alumia a periferia e a vida é pura magia! Agora, seguindo o exemplo de Chang Tsai, aconteça o que acontecer, permanecerei sempre sóbrio, nunca mais bêbado! A lucidez é o principal "capital" para qualquer empreitada! Até os bichos precisam ser lúcidos, para que a vida siga em seu curso normal! Um brinde à Revolução! Um brinde com "água de coco" - A vida é pura magia e viva Caetano Veloso!
Paulo Neuman


sábado, 11 de outubro de 2008

EU


De forma direta ou oblíqua, eu só posso amar o que há de poesia nos objetos! Veja a Estação da Luz! Estas torres-pirâmides com ângulos retos e eu permaneço na base e sigo com o ardente desejo de ter a parte que me cabe neste latifúndio de titânio e concreto e vidro e poesia concreta e crua e eu Capão Redondo: Grande Sertão: Veredas! Em que eu acredito? Eu acredito na Declaração Universal dos Direitos Humanos! Acredito, também, como me ensinou Tom Zé, que, entre a Augusta e a Angélica, eu haverei de encontrar a Consolação! Eu acredito em Hamlet, o Angustiado Príncipe da Dinamarca! Acredito que Eu e o Pai podemos ser Um! E, por fim, acredito que muitos de nós já estamos na Idade do Perfume!
Paulo Neuman

Um Sonho!


Sem dúvida, o mais belo sonho que eu já tive: a casa era muito grande, na cozinha, homens e mulheres, felizes, tomavam o café da manhã: mesa farta e a todos eu chamava de caros irmãos - todos se abraçavam com ternura: Uma Verdadeira Celebração!

Boa Nova


Todos têm nome atípico e forte
Estereótipos de neo-homens vivos
Transfiguram-se em seres cósmicos!

Tudo em que tocam vira ouro inusitado
São os cavaleiros do futuro-luz!

Exército de homens do outro mundo
Invencíveis, mas capazes de amar
São como Pedras do Templo Concreto!


Só lhe resta chorar de vergonha, homem-comum!
O futuro já chegou e com ele, os Novos-Homens!

O ontem já é o passado inócuo e sem cor!

Todas as suas invenções perderam o valor
A história começa agora com os neo-homens!

Eles são mais velozes que os anjos maiores
Agora, são os donos da história e do tempo
Nasceram da Água e do Sangue: Transfiguração!

Transcenderam a história e agora recriam a existência!

O universo, em verso e prosa, celebra a revelação
Todas as luzes do túnel foram acesas na madrugada!

Tudo é dádiva do Pai que nos faz beber do Sangue que Lava a História!

Agora conhecemos toda a Verdade Imutável!
Os Neo-Homens são a resposta do ALTÍSSIMO!

Entrem todos! A FESTA já começou! Ouve-se a Nova Canção!
Os Neo-Homens são seres forjados na DOR e usam
ROUPAS NOVAS!
Paulo Neuman

ENTRESSAFRA


Na geladeira encontro uma beterraba esquecida
Sei que a minha vida é cheia de Novas Esquinas
Pego o liqüidificador e preparo-me um suco vermelho!

Agora não tenho dinheiro e não sei quando terei filhos
Agrada-me o cheiro de terra que a beterraba traz
Gosto da sua vermelhidão absoluta e vertiginosa!

Vejo o pé de abacate e penso na entressafra
Quando sentimos a falta de pão e vinho tinto!

Muitos dizem conhecer-me, mas nem sabem o meu nome!

Não podem ultrapassar a entrecasca que vai dar em mim
Epicentro de todas as perguntas e utopias não esquecidas!

Na geladeira encontro uma beterraba solitária
Sei que a vida é cheia de interrogações e não!

Hoje sonhei com quintais de infância e árvores frutíferas!

Forte é o enredo desta minha saga que me leva ao desconhecido!
Tortas decoradas com morangos vivos e novas canções no rádio!
Da janela, vejo ruas e prédios iluminados, convincentes
Sim, lá pode haver criança feliz! pais vivos e sorridentes!

São Paulo é a Minha Boa Nova Ampliada, Amplificada!
Sons e Formas que me fazem acontecer e ser a PEDRA!

Drástica Poesia! Às vezes, pura insanidade fria
Pancada na cara, beijos, afagos e outros incêndios
Dia de sair de casa, dia de recolher-se resignado! .

Sim, trago na cara todos os espinhos de São Paulo!

Em silêncio, minha saga vai sendo escrita nos muros da metrópole
Linhas divisórias que me separam do eu sagrado e nu e revelador!
Sonhos, água e beterraba já estão juntos - o suco é vermelho e doce!

Sobre o rosto moreno, corre a lágrima - não de tristeza.
Às vezes, os olhos dão risada do que enxergam no espaço vazio
Palco onde a história toma forma e encanta os incrédulos bêbados!

Espaço, luz, som e mais uma infinidade de linhas incertas e cruas
Ora curvas, ora retas - mas todas acabam no mesmo lugar inusitado
Onde conto histórias para mim mesmo e bebo o suco cor de sangue!
Paulo Neuman

Pão e Água


Qual a água que me poderá lavar a culpa?
Que água vai curar a minha sede e me fazer de novo dançar?

Que palavras e pão ultracósmicos sejam a minha comida!
E que em mim qualquer palavra seja como semente sã!

Que á minha frente esteja posta a mesa do Banquete Ultracósmico!
Não! Não sou pretensioso - apenas busco a Verdadeira Bênção!
Prometida aos pecadores, aos errantes de pés e cara empoeirados!

Estamos cansados - necessitamos de pousada urgente!
De gente que queira enxugar nosso suor existencial
Falta-nos a força nos braços magros - dores em todos os órgãos!

Sim! Somos todos culpados! Não somos mais crianças!
Em nós, há ânsia de vômito - estômagos revirados!

Quem somos nós?
Somos nós que por vós esperamos!

Tímidos, navegamos até aqui - só pra te ver!
Mata-nos a sede e a fome e a vontade de morrer!

Somos todos réus confessos e empoeirados
Salva-nos e seremos cativos teus!

Estamos tontos, desorientados, culpados
Cabeças raspadas - estamos nus e sozinhos!

Somos nós que por vós esperamos!

Sê tu o nosso pai - apesar dos nossos pés empoeirados
Nós somos nós que por vós esperamos aflitos!

Que nós também comamos do Pão!
Queremos beber do Sangue da Uva!

Sabemos que haverá festa! Faz-nos comer da Carne do Sacrifício!
Somos culpados! Somos nós que por vós esperamos - despedaçados!

Faz-nos comer da Carne do Sacrifício!
Para sermos o Grande Edifício Humano da Paz!
Paulo Neuman

PRECE DE PRIMAVERA




Queira eu suplicar ao Altíssimo Deus
Que me fossem abertas as Janelas do Céu
Mas já não posso gritar! Amordaçado estou!

E por que tais janelas ser-me-iam abertas?!

Sim, sou o mais miserável de todos os homens
Hoje, já não há quem queira juntar-se a mim
Assim, vejo a primavera chegar como inverno!

Quisera eu suplicar ao Altíssimo Deus
Faz-me outro e deixa-me viver mais um pouco!
Preciso abrir as portas que levam aos quintais!

Não tenho fibra suficiente para viver o agora
Sinto saudades dos quintais de infância e viajo
Trago na carne o desejo de ser como os anjos do céu!

Minh'alma geme dentro de mim e todos os órgãos gritam de dor!

Quisera eu ser uma estrela cadente, deslizando no céu
Mas sou apenas aquele que perdeu o rumo! Estou nu e só!

Quero marcar um encontro com o Altíssimo
Seja lá onde for! Lá estarei em lágrimas!

Preciso vê-LO! Contemplar o Seu Rosto!
Beijar os Seus Pés e voltar renovado!

Não quero dinheiro! Não quero fama!
Só quero vencer o destino e ser livre!

Quero ser como os anjos que não sentem fome de nada
Viajam nas asas do vento e abrem as janelas do céu!

A existência do homem é fogo que não se apaga
É correr em vão só para cair no fundo do poço!

Com olhos molhados eu suplico ao Altíssimo
Faz-me outro - diferente de tudo o que já fui!

Lúcio, Pedro, Judas, Marcos, Mateus, Tiago, Felipe
Paulo, José, Ivan, João, Mateus, Antônio, André
Luciano, Ricardo, Joaquim, Tadeu, Ramiro, Marcos
Ângelo, Marcelo, Benedito, Alfredo, Eriberto, Vinícios

Leandro, Mário, Francisco, Caetano, Vicente, Érico
Sebastião, Daniel, Ícaro, Argemiro, Luís,Tôni, Rafael

Faz-nos outros!
Somos apenas meninos em jardins suspensos!
Trememos de medo! O chão está muito longe!

Jorge, Dênis, Leonardo, Camilo, Márcio, João Batista
Paulo de Tarso, Licurgo, Domingos, Jônatas, Osmam, Rui
Jonas, Cláudio, Sidnei, Alan, Damião, Virgulino, Caribé
Antenor, Olavo, Dante, Othon, Emiliano, Nestor, Nicolau
Raimundo, Simão, Vanderlei, Adriano, Nerivan, Miguel
Severino, Almir, Edson, Ney, Orlando, Ulisses, Inácio

Paulo de Tarso, Paulo Neuman, Paulo Luís
Renato, Kátia, Marcos
Trago Boas Novas!

Tiago, Ismael, Adrebal, Lílian, Isac, Ítalo
Sônia, Dora, Ferro, Antônia, André e tantas Marias!
Paulo Neuman

HEMATOMAS




Do lado de fora, em sua beleza complexa
Pulsa a metrópole, com seus nobres e plebeus
No Metrô, mil caras, tantos sonhos e pesadelos
Sim, São os homens em dias úteis - as fábricas!

Mas aqui deste lado, somente eu: feio e só
Exilado estou nos hematomas dos meus olhos
Quem me dera poder trazer a minha mãe do túmulo
Voltaria vencido para o seu útero e seios!

Mas o levantar dos mortos é coisa dos céus!

Do lado de fora, os belos fazem a beleza da cidade
Teatros, negócios, museus, igrejas, luzes, jantares
Aqui dentro, um homem em cinzas - nem houve carnaval
Um dia ele sonhou que seria o Sal da Terra, coitado!

Ele nunca foi bonito, mas agora parece um bicho
Se ele pudesse chorar - menor seria a dor que arde
Mas já não há mais lágrimas -secaram-se os rios
Ele sente medo, está acuado, vencido, desolado!

No rádio ele ouve uma canção de Gil e outras tantas
Muitas canções o fazem chorar, noutras até tenta rir
Mas o que ele quer mesmo é embarcar no expresso 2222
Pois dizem que lá o Cristo já está subindo ao Céu!

No madeiro todos ficam muito feios! Até mesmo ELE ficou horrendo!
Mas a morte é a porta que nos conduz para o outro lado!

Lá fora há sol e as pessoas fazem as cenas cotidianas
Aqui dentro, coração quase parado, ele sai de cena
E se todos virarem a cara para ele?! Ele é fraco!
É transgressor, é infeliz, é pecador, é traidor...

Que ele possa ter fé no Concreto de Luz, Altíssimo!

Podem bani-lo do quadro da vida
Cores e formas já não são as mesmas!

Para ele tudo já é diferente daquelas belas cores e formas
Músicas, telas e esculturas que um dia adornaram seus sonhos!

Por uma questão de justiça, não se pode ter piedade dele!
Afinal, não passa de um transgressor, porco feio e vencido

Que todos os hematomas lhe caiam como uma luva, miserável!
Que a aflição seja a sua comida e que fique só - feridas e pesadelos!

Todos sabem de tudo! Ele ainda não sabe tudo sobre si mesmo!
Poucos sabem que há um capaz de criar a partir do nada
Não chore, menino! Se Deus quiser, hematomas não será o seu fim
É preciso que alguém o diga que hematomas não são nada!
Paulo Neuman

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Eles Irão Todos pro Céu!

Se a Sociedade é toda ela construída por mecanismos mercantis, é certo que o que chamam de Reino dos Céus pertence mesmo aos miseráveis, aos desprovidos de quaisquer recursos, haja vista que as Coisas Lá de Cima não podem jamais ser avaliadas monetariamente! Um beijo a todos os miseráveis que perambulam pela ruas, despertando o desprezo daqueles que vivem tão-somente por terem uma relação com o capital financeiro - se assim não fosse, certamente se matariam!
Paulo Neuman

sábado, 20 de setembro de 2008

Fragmentos Indefectíveis


Passaram-se quarenta anos, entre patacoadas e conquistas inúteis
Fragmentei-me um milhão de vezes e já não sei mais quem sou
Confundi homens com Deus e conheço bem a cara do Diabo
Agora, trago na alma a certeza de que quase tudo é inutilidade!

Sim, agora sou um ser meio Eclesiastes e já não há mais o tempo
"Existencialista com toda razão só faço o que manda o meu coração"
Entro na taça de cristal - fazendo-me vinho barato e engano a todos
Dos que me conheceram ontem nenhum me beberia no hoje-concreto!

Contudo, já não há nem o hoje nem o amanhã e nem o ontem!

Há apenas eu e você: O que se perdeu e o que se elevou!
Agora me sinto tão leve - feito pena da asa do anjo invisível
Visto minha roupa nova e viajo feliz para Belo Horizonte
E, juntos, voltaremos para São Paulo pela milésima vez!

As pontes foram construídas na madrugada inusitada
Agora, todos desfilamos pelas ruas do seu coração
E o sangue segue tranquilo pelas veias desobstruídas!

Das avenidas por onde andei, você é a mais caótica
Por isso mesmo a mais irresistível e, agora, morada minha!

VELHA CANÇÃO AZUL E DESBOTADA

Por onde anda aquelas canções
Que fazem sangrar os corações?!

Fazem brotar água nos olhos românticos!
Canções de novelas e filmes inesquecíveis!
Tempos remotos e sem trânsito caótico e fim!

Assim, tudo já está consumado - sem maiores ilusões.
Eu já sou poeta - aprendi a sentir dor e sorri e sim!

...E não e não - ausência das canções e danças
Por onde anda o meu coração? Diga-me! Você sabe!

Bestialidades e banalidades e vaidades e sacanagens
O lixo invadiu nossas vidas e bebeu a límpida canção
E já não sabemos mais dançar como antigamente, sim!

Mentiras! Mentem todos aqueles que negam a canção!
Nem todas as lições já foram aprendidas, meu caro menino!

O destino assim quis! Voltemos a falar das flores!
Apesar dos horrores-nossos-de-cada-dia - se liga, meu!
Deu borboleta na cabeça! Na cabeça de Aurora - utópica!

Artistas já preparam o manifesto. Haverá festa!
Vamos lutar e cantar e dançar e sem aquela farda!

ADEUS, MEU AMOR!
Agente se vê por lá!

Lá lá lá lá lá lá
Lá lá lá lá lá lá
Lá lá lá lá lá lá

Por onde anda o meu coração
Aquela boa e velha canção!

“Liberdade
É uma calça velha azul e desbotada..."
Paulo Neuman

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Separação


Cada casa é uma gaiola de prender passarinhos
Uns tem penas multicoloridas; outros, pardais
Canários, Andorinhas, Paulos, Bem-te-vis!

Tranco-me eu meu apartamento - sou assustado pardal
Trago no franzino peito as incertezas de poeta contumaz
Às vezes, acredito em utopias ditas ultrapassadas e viajo!

Anacrônicas são as minhas utopias - dizem os mais informados!

Trago no peito o desejo de formar o grande exército
Não com armas e fardas sisudas - mas com peito aberto!

Certo de que o amor é o único bem universal a ser compartilhado!

Não acredito mais em pátria nem em nada abstrato
Só posso crer no Poder do Amor, não acredito em tratados!

E o amor não passa pelos mal-assombrados coitos noturnos!

O amor jamais usou coturnos, nem vive pelas esquinas.
O que eles dizem ser amor - nunca o foi nem o será!

É apenas mordida que deixa na boca uma ferida crônica!

Todos os poetas e profetas já disseram em alta voz:
Tão-somente o amor Pode Salvar o mundo do fim cinzento
Mas nenhum de nós ouviu as palavras da nua profecia

Sim! Somos todos culpados pela nudez do caos que nos cega!
A cidade que chora com um olho só - cansada e solitária e infeliz!
Esquecemos de amar cada pedra na qual tropeçamos embriagados!

Somos todos Hóspedes do Grande Manicômio! Só amamos aquilo que não nos fere!

Agora, vamos todos, com ridículas fardas, rumo ao nada
Traga mais um cálice - quero beber a cidade tão vazia!
A poesia partiu para desertos distantes - destroços!

Só há caroços estéreis pelo meio do caminho árido!

Nada mais nos lembra aqueles tempos de Carnaval Infindável
Quisera eu poder ir ao mar - dar um mergulho - lavar a alma!

Mas agora é tarde! Adeus, meu bem! Tudo bem! Tudo se acabou!
As chaves? Eu as deixo com o zelador! Os discos de Cazuza, eu os levo!

Preciso partir! Neste lugar já há muitas cinzas!
Agora, só há caroços pelo caminho muito árido!

As chaves ficam com o zelador. Adeus, meu bem!
Os discos de Cazuza são meus. Vou dar um mergulho!

Não com armas e fardas sisudas! O amor não usa coturnos!
São apenas casas de prender passarinhos. Sou um pardal!

Adeus, todos vocês que se cansaram de mim!
As chaves, eu as jogo todas no mar! Adeus
Paulo Neuman